segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dois poemas do meu amigo Carvalho

Carvalho, ou Roberto De Carvalho,  também publicou poemas no Literatuara Alternativa. Alguns poemas muito interessantes e extremamente singulares. O poema Rio Revisitado, da postagem anterior é de sua autoria. Ao Carvalho devo um comentário dos  poemas que  estou postando no Blog.  Em breve esse comentário estará pronto. Trata-se, de dois textos, escritos sobre o mesmo tema/pessoa, em epócas diferentes, que se diferenciam enquanto desdobramento do estilo de escrever do Carvalho, (...),  há uma conquista poética  de um texto em relação ao outro, mas isso não é tudo, os dois poemas são textos de escrita forte, que não agradam a ouvidos que gostam somente do doce da poesia, dos seus temas menos secretos e pervertidos, que não fazem  dela esse olhar "pesquisa" do que há de mais problemático   e interessante na vida. Caio que era dado a "beber conhaque no gargalo", gosto muito dessa imagem, rs. Leiam os dois poemas e será possivel perceber o que estou dizendo.



Caio

Cruas ruas
Andam
Teu andar
De pedra

São amplos teus espaços
E tão amplos são
Que esbarram cada um
Dos dois lados da vida

E tu és cru
Tu és cruel
E doce é tua crueldade
Ainda porque és Caio Nunes Louback

Carvalho
01/06/2010



Caio

Sorvia a vida
Como bêbado de rua
Dado a beber conhaque no gargalo.
Fantasiava, mentia,
Como não havendo na verdade valor algum
Nem na realidade algum sentido.

Se jogava nos braços das mulheres,
De todas as mulheres que lhe sorrissem
Ou se jogassem em seus braços.
Queriam todas vê-lo, pela manhã,
Acordar, se levantar da cama,
Depois de noite farta de cerveja e sexo.

Sorvia a noite
Como se as algazarras de dia
Tivessem outra linguagem;
Depois de ter passado o sol
E o céu escurecido;
Falada numa língua que ele só entendia.

Só vivia uma vez
De cada vez.
Vestia uma roupa a cada dia,
E saía para viver uma única vida.
Como um louco qualquer...
Destes que sabem nada mais haver além.


Carvalho
27/10/06

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